Pages

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O suicídio de Leila Lopes, (a ex-atriz da Globo que também fez filme pornô )




Como a maioria das pessoas já sabe, a atriz Leila Lopes de 50 anos suicidou-se, deixando uma carta em que tenta expor um pouco de suas razões e sentimentos.

Nessa carta a atriz parece sentir um pouco de confusão e também muita amargura, mágoa, medo e muitos outros sentimentos (inclusive afirmou estar feliz). Não importa a razão final que levou a atriz a esse ato tão desesperador, são muitas as causas que podem levar a isso, mas todas têm um ingrediente em comum: Uma profunda dor... Tirar a própria vida vai contra o nosso próprio instinto de auto-preservação, para se atentar algo desse naipe é preciso que a dor seja imensa, tão grande que esse instinto que todo ser vivo têm, de buscar sempre a sobrevivência, fica ´amortecido´. Não, suicídio não é um ato de coragem, nem tampouco de covardia. É um ato de desespero, um grito contra a dor... Antes de entendermos o que levou alguém ao suicídio (que é apenas o passo final de um processo que vêm de longe) devemos entender que, se alguém se suicidou, o fez porque provavelmente não foi ouvido ou não conseguiu ser ouvido em sua dor e angústia. 


Quando o ser humano não têm uma válvula de escape para suas dores, angústias ele acaba por ´explodir´ de uma forma física, podendo machucar a si ou a outros. Ouvir o outro (ouvir não é escutar!) é essencial para diminuir essa panela de pressão que está se formando e que dá quase sempre sinais gritantes. Mas ouvir é respeitar a dor do outro, acolher, e não comparar os problemas do outro com os seus, minimizando assim o que o outro está sentindo. Ouvir é compreender, ser respeitoso com o que o outro sente, não interromper para ´opinar´ ou ´aconselhar´ (fazendo isso nos colocamos numa posição de superioridade que impede que OUÇAMOS o outro). O acolhimento que damos, com carinho e amor, ao outro que nos conta sobre suas dores mais profundas é um bálsamo que pode ajudar a ´diminuir a água do copo´

Se essa tragédia trouxe algo de bom é a reflexão (não o julgamento) sobre como é importante ouvir o outro para que ele não tenha que escrever uma carta de despedida falando de todos os sentimentos reprimidos que não pôde falar enquanto com vida.

Vale ressaltar que o C.V.V (Centro de Valorização da Vida), entidade filantrópica sem fins lucrativos faz esse trabalho de amparo emocional, ouvindo e acompanhando todos que gostariam de ter um ombro amigo, falar de seus problemas ou alegrias, mas não encontram com quem dividir, ou por medo do julgamento ou por medo da incompreensão. O telefone é 141 e o serviço é sigiloso, todos podem ligar, a qualquer momento, para bater um papo e refletir sobre si com alguém que certamente o acolherá e o compreenderá, sem julgamentos ou preconceitos.

13 comentários:

Gisele Resende disse...

Esse texto está muito bom!

concordo com tudo que você escreveu.

a pessoa quando chega a esse extremo realmente quer se livrar da dor, dessa angústia que a sufoca. Então pensa em se matar, como o melhor a fazer. Ouvir e perceber alguns sinais faz toda a diferença! Maravilhoso trabalho que o CVV realiza.

beijos

Gisele

Unknown disse...

Não chorem, não sofram, eu estou ABSOLUTAMENTE FELIZ! Era tudo o que eu queria: ter paz eterna com meu Deus e, se possível, com minha mãe. Eu não me suicidei, eu parti para junto de Deus.

*****************************

De algo tenho absoluta certeza: tudo o que poderia ter sido feito para a sua salvação, o Espírito Santo o fez, e: Jesus irá julgá-lo (João 5:22) da maneira mais justa que existe: "Deus é justo juiz..." Salmo 7:11, primeira parte. "Os rios batam palmas, e juntos cantem de júbilo os montes, na presença do SENHOR, porque ele vem julgar a terra; julgará o mundo com justiça e os povos, com eqüidade." Salmo 98:8-9.

Editor da Caverna disse...

Como eu disse, se vc ler a carta toda dela verá que ela se diz magoada, que não auentava mais a vida do jeito que estava, que queria paz, para depois dizer que estava absolutamente feliz... Essa ciclotomia, ambivalência, é bastante típica nesses casos de suicídio, e quando oferecemos julgamento, e não amor, o resultado é justamente esse, o fim da vida...

Anônimo disse...

Primeiro,muito obrigada pelo comentário no meu blog!Fiquei muito feliz!
segundo,eu achei tão estranho saber que essa mulher se suicidou!Sempre que ela aparecia na tv,parecia ser uma pessoa muito feliz!Nós nunca sabemos o que se passa dentro do outro...
Amei o que vc escreveu sobre a diferença de Ouvir e apenas escutar.Concordo plenamente!

xx disse...

Fico imaginando o psicológico desta atriz que um dia realizou o sonho de trabalhar para Rede Globo e depois se colocou a disposição em filmes pornô. Não deve ter sido fácil.

Visitem:
AS LOUCAS IDÉIAS DE ZELVIS
www.eccamacho.blogspot.com

Lis. disse...

Olá.

Vi algumas flores que não saberia defini-las enquanto atravessava a cordilheira dos Andes. Eram flores de tamanho pequeno e cores variadas, localizadas em alguns pontos isolados no meio do deserto.

Havia um onibus particular que saia da cidade de Embarcacion -no norte da Argentina- uma vez por semana e que atravessava o deserto rumo à cidade de Antrofagasta no Chile. Meu destino até então era Iquique mais precisamento a zona franca de Zofri. Depois fui para Arica no sul do Peru, rumando para Cuzco onde acampei em Machu pichu.

Mas, esquecendo o que descrevi acima, recordo que ao passar por Santa Cruz de La Sierra na Bolivia vi flores que brotavam no telhado das casas e me disseram que elas eram provenientes de fungos. Percebi que havia beleza até na nocividade, sujeira ou lixo.

Lembro que participei de um grupo de estudos freudianos coordenado por um renomado psicanálista, e ouvimos um comentário dele, expondo-nos que uma colega psicanalista, auto-didata, assumidade no campo da psicologia, colega integrante da Sociedade Argentina de Psicanálise, estava com problemas, e cogitou-se quem entre eles estaria na altura de ajudá-la... Mas não houve tempo, porque ela suicidou-se.

SOLIDÃO, é a palavra que me vem à mente. Dificil, e extremamente doloroso é conviver com a vida, quando se vai ao longe sem nunca ter alcançado lugar algum.

Fui convidado a entrar no SBT e recusei. Mas nesse interim, um diretor lá de dentro me disse que o papel mais difícil de ser feito é o de nós mesmos.

"A vida pode ser um suicidio a longo prazo, e depende da sua loucura matar-se enquanto se vive alcançando um caminho breve e rápido para o fundo do inferno"


Suicídio.

Sentindo a lâmina ranger ao pescoço
Ao vão de quatro paredes – silêncio
Exaltando o medo, que por intenso
Faz-se fugir aos olhos e ouvidos
E a punhos trêmulos, aflitos
Refugio a alma todo meu desgosto

Penso no que busco - paz
Desligando-me deste mundo – ao avesso
Imagino um caminho, um novo começo
Junto a esperança de um universo novo
Mas o sangue esgota-se em meu corpo
E agora é tarde demais

André Moraes

Editor da Caverna disse...

Lis,

Excelente texto cara... muito sensível e verdadeiro... E uma poesia bastante angustiante, triste... Muito forte mesmo..

Daniel disse...

Assunto bem complexo, tenho dois históricos de suicídio concretizados na minha família e uma tentativa, e sei as marcas que isso deixam no resto da família, além, é claro, da que toma essa atitude.

Muito difícil dar uma solução, mas a ajuda tem de ser procurada por quem não está bem.

abs

Editor da Caverna disse...

Daniel,

É um assunto muito complexo mesmo, difícil para a família toda...

Kurt Zampieri disse...

Tem que se procurar ajuda. Mas nada justifica se desfazer de um presente de Deus, que é a vida. Imagino que tenha gente com muito mais motivos do que ela pra cometer suicídio. Ela queria ir com Deus? Pois agora que não vai mesmo... Desculpe discordar, mas suicídio é covardia, é pra quem não quer lutar. E mesmo que não se tenha nada por que lutar, crie algo novo. Há sempre outra solução...

Sílvio/Deghust Notícias disse...

Passando para retribuir a visita. Blog muito interessante o seu! Já o adicionei à lista de blogs do Deghust Notícias.

Quanto a Leila, embora não goste muito de novelas, lembro-me de uma cena na novela RENASCER da Rede Globo, em 1996(?), onde ela fazia (numa escola improvisada) uma crítica super interessante contra o descaso da educação no Brasil.

Nessa novela, ela dava vida a uma professorinha (que hoje sei que se chamava Lu). Foi o único trabalho dela que eu conheço. Mas a interpretação estava perfeita, fabulosa. Um dia ainda vou rever aquela cena.

Abraço

Editor da Caverna disse...

Lembro disso, Silvio... Era uma bela crítica ao descaso com a educação no meio rural...

Anônimo disse...

A solidão é implacável ela vem te abraça e você só sente quando já a tem como companheira por muito tempo, daí para voltar a respirar uma vida social de novo tem que ter muita perseverança. Existem pessoas que mesmo acompanhadas são solitárias, em seus pensamentos e sentimentos. Para uma ex-atriz da globo, ficar sumida por muito tempo e resolver voltar a aparecer na mídia mas num filme pornô tem que ter muita estabilidade emocional para aceitar os diversos comentários e tratamentos diferenciados que esta carreira carrega consigo o que, pelo visto ela não teve.

Grande abraço brother!