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domingo, 6 de janeiro de 2013

London Calling





Introdução


Em sequência a ideia do post anterior, começarei a falar da viagem que fizémos em 2010 para a Europa. Antes da viagem em si, toda a preparação foi muito divertida (compra de guias, pesquisa do melhor pacote, roupas que seriam levadas), mas para não alongar o tema (na verdade fugir do tema), deixarei isso tudo para um outro momento (a nossa chegada ao enorme e vazio aeroporto de Barajas também valeria um post).

Fizémos um pacote que começava em Londres e terminava no   continente (França, Alemanha, Austria e Itália), passando por várias cidades (tentarei citar cada uma delas nos devidos posts de cada etapa).



A Chegada

Partimos em 28 de novembro e chegamos em Londres no dia seguinte lá pelas 14:00, num frio abaixo de zero...

A primeira impressão foi péssima, demoramos demais na fila para checar o passaporte (eu não achava o voucher com as passagens de volta e as reservas dos hotéis para mostrar ao funcionário do aeroporto que carimbaria o passaporte, permitindo a entrada na Europa).

Após esse susto inicial, partimos para o hotel no carro que a agência de viagens disponibilizou, com um simpático motorista português. Conversamos com ele e tivémos uma certa noção da vida de um imigrante em Londres com essa conversa (ele disse que a colônia portuguesa em Londres se isolava pois tinha idéias diferentes de diversão em relação ao londrinos, por exemplo, ele não compreendia a necessidade dos londrinos de encherem a cara num pub, disse que inglês ou trabalha ou enche a cara, não se divertia como 'nós' latinos,  que gostamos de receber amigos em casa... Me pareceu quase a contragosto de estar em Londres).

Chegamos ao hotel por volta das 15:00, um hotel muito simpático mas não tão bem localizado (em termos de distância dos pontos turísticos e do metrô). E aqui algo interessante aconteceu...


Quarto do Thistle City Barbican Hotel


O Fugitivo

Eu e minha esposa estávamos empolgadíssimos! Tínhamos uma boa parte do dia (ledo engano, a noite chegou pelas 17:00) livre, queríamos passear, sentir o clima das ruas, nosso primeiro dia em Londres, livres, para andar por onde desejássemos. A região não era lá grande coisa, mas qualquer coisa era motivo de alegria depois de quase um dia entre aeroportos, esperas e aviões. Estávamos em Londres!!! 

Colocamos rapidamente nossas roupas contra o frio (Deus abençoe a segunda pele!) e partimos como flechas para a portaria.

Lá encontramos um brasileiro, do mesmo pacote de viagens que o nosso (encontrar um outro conterrâneo em outro país sempre dá um certo alívio) e, como iríamos explorar o local, tive a idéia de convidá-lo para tomar um café conosco em algum lugar por perto. Ele nos respondeu educadamente que não poderia nos acompanhar naquele momento pois ia sair com uma amiga. Nos despedimos com um "Até amanhã no city tour!!", ele balançou a cabeça.. E nunca mais o vimos...

Descobrimos posteriormente que é uma prática comum para quem quer imigrar ilegalmente contratar uma agência de viagens como se pretendesse apenas passar férias e, no primeiro dia, abandonar tudo em busca do sonho de viver num país diferente, de um recomeço. 



Sem lenço nem documento, mas com passaporte...


Saímos do hotel indo exatamente na direção que nossos narizes apontavam (na verdade tinha uma vaga idéia dos arredores e do caminho até o metrô, uns 4-5 quarteirões,  pois já havia feito todo o caminho pelo street view do Google Maps uma dezena de vezes), estava frio, abaixo de zero, começava a escurecer e o clima era de dia comum, com as pessoas indo e vindo com seus afazeres diários. Não havia neve, apenas frio e uma certa humidade no ar.


                                                      Área perto do nosso Hotel, por onde andamos no primeiro dia.


Eu preciso confessar que um dos meus objetivos era adquirir um Ipod, queria comprar o mais rapidamente possível para poder usufruir de certos apps (como de localização, metrô, etc...) e ter acesso ao wifi do hotel. Então, passei a olhar as lojas com esse objetivo (enquanto minha esposa apenas observava as lojas e casas de maneira mais 'desapagada'). E eu comprei, mas deixarei esse episódio um pouco mais para frente...

Foi muito interessante esse primeiro passeio, livre, em outro país. É uma sensação alienígena mesmo. Você sabe que as pessoas ao seu redor são iguais a você, porém tão diferentes a ponto de não entenderem o que você diz. Dá uma sensação de distanciamento (a arquitetura, a língua, os costumes), mas ao mesmo tempo, quando você olha nos olhos dos transeuntes, você sabe que eles não só tem muitas semelhanças com você, mas também não sabem que você é estrangeiro (até que haja algum contato). O mundo deles continua girando no ritmo de sempre, independente da sua presença. E o nosso mundo se resume, naquele momento, a pequenas descobertas, completamente irrelevantes para eles, mas especialíssimas para nós. 


Não tenho idéia do nome disso. Comemos num ´boteco´ perto do hotel.

Não quero parecer um bobo encantado, não é isso... Não estava embasbacado com a cidade, mas maravilhado intimamente com a sensação de ser um caminhante alienígena (ainda mais em Londres, em que até mesmo os motoristas dirigem do lado 'errado' do carro). Creio que essa sensação desaparece aos poucos, com a vida cotidiana, mas isso não aconteceria conosco, pois passaríamos apenas 3 dias em Londres e com pouco tempo livre. Acho que o grande barato dessas viagens é exatamente esse, as pequenas diferenças entre o nosso mundo e o mundo estrangeiro, isso maravilha pelo contraste, pela descoberta. Dá um tom de satisfação mesmo onde não existe beleza, apenas por ser diferente. Mas também ajuda a valorizar o que temos e somos.

As clássicas cabines londrinas, não abra ou terá uma surpresa odorífica desagradável.


Primeiros dias, primeiros aprendizados


Finalizando essa primeira parte (que ficou maior do que eu imaginava), vou terminar com algumas lições / dicas que aprendi na pratica:

- Deixe separado, fácil, seu voucher com os hotéis reservados, etc... Na hora ´agá´ tudo fica mais confuso e a tendência é nos atrapalharmos um pouquinho.

- Luvas. As luvas daqui são ineficientes contra o inverno londrino. Compre luvas lá, mesmo em banquinhas de rua, se quiser voltar a sentir os dedos das mãos.

- Não tenha medo de parar uma pessoa na rua para perguntar indicações, sobretudo se o fizer na língua deles. Descobri que os londrinos são muito educados, prestativos e simpáticos.

- O conceito de 'longe do metrô' é muito diferente do nosso, lá 'longe do metrô' pode significar 4 quarteirões e uma caminhada agradável de menos de 15 minutos. Não se preocupe muito, observe o Google Maps e não fique apenas nas indicações de sites como Trip Advisor (as pessoas lá são muito exigentes).

- Aliás, não se passa muito tempo no hotel então, pelo menos para mim, hotel minimamente confortável e seguro é suficiente.

- Ah, sim, ficamos no Thistle City Barbican Hotel....

Continuo no próximo!




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